Azoospermia induzida por ganciclovir em paciente com dermatomiosite pós pulsoterapia
Relato de caso/ Case Report – Conrado Alvarenga MD
Relatamos neste caso a história recente de um paciente da clínica, com evolução abrupta para azoospermia após internação de urgência por quadro infeccioso, como consequência de pulsoterapia para dermatomiosite. Paciente com 31 anos, portador de dermatomiosite desde os 27 anos de idade, em uso de prednisona desde o diagnóstico, com primeiro espermograma revelando algumas alterações leves na concentração e na motilidade seminal, níveis de FSH e testosterona normais e com desejo de gravidez recente. No ultrassom testicular encontramos microlitíase e ausência de varicocele. Durante término da investigação da fertilidade masculina apresentou quadro de agudização da dermatomiosite e foi internado para pulsoterapia.
No oitavo dia pós pulsoterapia evoluiu com sepse de foco indeterminado, provável infecção de pele, com necessidade de internação prolongada para antibioticoterapia endovenosa. Nesta internação também demandou o uso de ganciclovir para retinite por Citomegalovírus.
Após a alta hospitalar, tivemos retorno na clínica e optamos por repetir todos os exames, inclusive o espermograma, que mesmo com a contra-prova revelou azoospermia ( 3 análises com interval de 45 dias cada ), já com elevados níveis de FSH, sugerindo gonadotoxicidade aguda pelo ganciclovir, ja descrita em literatura ( Crumpacker CS. Ganciclovir. N Engl J Med 1996;335(10):721-9.) .