Congelamento Seminal
Congelamento de sêmen, tabus e a realidade
O atendimento do casal infértil, mais especificamente do homem com infertilidade, nos leva habitualmente a propor e auxiliar a decisão do casal infértil por congelar ou não sêmen. O congelamento seminal na sociedade brasileira ainda é revestido e inúmeros tabus e duvidas. Desde a confiabilidade do armazenamento das amostras até com relação ao risco de serem utilizadas sem o consentimento do casal ou os problemas que esporadicamente surgem quando o casal não apresenta mais interesse nas amostras estocadas. Hoje em dia já temos no pais centros que congelam sêmen com técnicas mundialmente padronizadas, seguras e com resultados pós descongelamento totalmente dentro dos parâmetros aceitáveis.
Quando pensamos em congelar sêmen? A resposta é: Indicamos o congelamento para homens com concentrações seminais abaixo de 5 milhões/ml, denominados oligospérmicos graves, homens que serão submetidos a tratamentos quimioterápicos ou radioterápicos, quando decidimos iniciar reposição hormonal em homens que ainda pretendem ser pais e em alguns casos que farão vasectomia e têm interesse em manter amostras congeladas, mesmo sabendo que a vasectomia é reversível.
A grande maioria das vezes é para preservação da fertilidade masculina previamente a tratamentos oncológicos complexos. Ainda hoje há tentativa nítida de conscientização da comunidade médica em sempre abordar o assunto antes do inicio do tratamento, principalmente em adolescentes e adultos jovens.
Congelar o sêmen pode evitar situações extremamente tristes e desconfortáveis: a cura da doença de base mas o surgimento de infertilidade definitiva, por lesão testicular irreversível durante o tratamento.
Quanto então indicamos a crioperservação de espermatozóides?
- A - Para homens com concentração seminal abaixo de 5 milhões / ml e principalmente quando a concentração é abaixo de 1 milhão/ml, por segurança.
- B - Para homens que serão submetidos a tratamentos oncológicos, principalmente os que correrão o risco de serem submetidos a quimioterapia e/ou radioterapia. Sabe-se que após os tratamentos, uma considerável parcela destes homens não apresentará mais espermatozóides no ejaculado ou nos testículos.
- C - Para homens que serão submetidos a procedimentos cirúrgicos de busca de espermatozóides, como reversão de vasectomia e micro-dissecção testicular para azoospermia.
- D - Para homens que serão submetidos a vasectomia e que desejam preservar a fertilidade.
- E - Para homens que serão submetidos a cirurgias de próstata e que poderão evoluir com ejaculação retrógrada ou anejaculação.
Por quanto tempo pode permanecer congelado e a qualidade se mantem com o tempo?
E como meu sêmen fica armazenado e identificado? Como são os critérios de segurança?
Os pacientes geralmente são encaminhados ao laboratório por seu médico. Na primeira visita, podem esclarecer todas as dúvidas com relação à criopreservação com a Biomédica Andrologista do laboratório. Todo o processo é documentado, o paciente assina contrato e consentimentos que serão arquivados em seu prontuário.
Para segurança e confiabilidade no armazenamento das amostras, seguimos um protocolo rigoroso de identificação desde o atendimento inicial do paciente na recepção do laboratório até o fim do procedimento de congelamento com um sistema de identificação em código de barras, é emitido um número de registro para cada paciente. Esse registro é utilizado também para identificar toda a amostra armazenada no Banco de sêmen.
As etiquetas com nome e registro dos pacientes são testadas e aprovadas para que não sejam danificadas ou fiquem ilegíveis, elas suportam baixas temperaturas, já que o armazenamento é realizado em containers de nitrogênio líquido a uma temperatura de -196°C, que funcionam independentemente da energia. Um rigoroso controle de qualidade é feito diariamente pela equipe.
São necessários exames antes do congelamento?
Mensagem final aos pacientes:
Vale lembrar que após a primeira coleta, o sêmen será avaliado antes do congelamento para verificar: volume, concentração de espermatozóides, motilidade e morfologia espermática. Além disso, em alguns casos realizamos a pesquisa de fragmentação de DNA espermático.
Alguns dias após o congelamento, uma pequena alíquota será descongelada para verificar a sobrevivência dos espermatozóides. Um relatório será entregue ao paciente ao final de todas as coletas e caso necessário ao médico (a) do mesmo.
Dr. Conrado Alvarenga
Membro da Divisão de Urologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP