Anabolizantes e seus efeitos devastadores sobre os homens, como tratar
Fonte: Fertility and Sterility®, in PRESS 2014
Nos últimos meses a mídia vem dando enorme destaque ao fato de alguns lutadores de MMA necessitarem de reposição hormonal com testosterona, dos riscos, benefícios e do crescimento deste mercado de hormônios no mundo. Estamos vivendo uma fase de conhecermos melhor cientificamente os reais efeitos positivos e negativos da reposição hormonal masculina e nos próximos anos o conhecimento nesta área se aprofundara mais ainda. O fato é que não ficou claro ainda para muitos jovens a diferença entre reposição hormonal masculina para andropausa (hoje conhecida como DAEM) e anabolização. O uso de androgênios exógenos em homens jovens (principalmente testosterona sobre as mais diversas formas – gel, injetáveis, comprimidos, etc) é extremamente deletério para a saúde masculina, mesmo com acompanhamento médico, e mesmo com a falsa idéia da possibilidade de reversão com Terapia Pós Ciclo (a famosa TPC).
Há relatos de baixíssimas doses de androgênios já levando à atrofia e fibrose intersticial testicular e inúmeros casos onde mesmo após cessar o uso dos hormônios não conseguimos mais recuperar o eixo hipotálamo-hipofisário-testicular. Tal situação clinica é conhecida como hipogonadismo e as estratégias mais atuais de manejo clínico e tratamento são abordadas neste interessante artigo.
Antes de se iniciar o tratamento do hipogonadismo induzido pelos anabolizantes, os exames de sangue com perfil hormonal completo serão fundamentais. Sintomas comum pós ciclo de anabolizantes são fadiga, lentidão física, insônia, baixa libido, humor mais deprimido, ganho novamente de gordura e perda de massa mascular, ginecomastia, estrias e alterações nos cabelos. Após a avaliação clínica e hormonal, decidiremos principalmente baseados nos níveis de gonadotrofinas (LH e FSH), qual melhor caminho para recuperação do eixo-hormonal. Homens com ginecomastia irão se beneficiar de tamoxifeno para bloquear os receptores estrogênicos no tecido mamário e homens sem ginecomastia começarão o tratamento com 25mg de citrato de clomifeno diários, com o intuito de aumentar a produção hipofisária de LH e restaurar os níveis de testosterona sanguíneos e intra-testicular.
Após 4 semanas, novas dosagens hormonais são realizadas e caso o resultado não seja satisfatório, clinico ou sanguíneo, passamos a utilizar hCG de 4.500 a 6.000 unidades semanais, por mais 8 semanas, em conjunto com o tamoxifeno ou clomifeno, conforme esquema abaixo.
Caso o paciente desenvolva ginecomastia durante o tratamento, o uso de medicação específica deve ser recomendado como adjuvante. Quando atingimos resultados adequados, iniciamos o desmame das medicações, com reduções de 40 a 50% das doses quinzenalmente. Vale lembrar que alguns indivíduos demorarão meses para recuperar o eixo e em outros casos não haverá recuperação total. Esperamos que no futuro o uso de hormônios anabolizantes em jovens seja cada vez menor, por conscientização ou por medo. Até lá temos a obrigação de lembrar que os efeitos positivos da testosterona em jovens podem ser fantásticos, mas a dependência do hormônio poderá ser cruel e a recuperação do eixo endócrino impossível.