A carga viral do HIV indetectável no sangue não significa carga indetectável na amostra de sêmen
Pesquisadores da Universidade de Connecticut revisaram alguns estudos que mediram a carga viral no sangue e no sêmen ao mesmo tempo. Eles examinaram a correlação entre a carga viral dos dois fluidos e os fatores que a afetavam.
Os níveis de carga viral do HIV no sangue e sêmen estão relacionados, mas não são exatamente iguais. Não é possível determinar quão infeccioso é um indivíduo HIV-positivo a partir de sua carga viral apenas no sangue, é necessário determinar também a associação entre a carga viral no sêmen, pois as concentrações do HIV em fluidos genitais podem variar.
Sabendo-se que o HIV é transmitido principalmente pelo sexo anal e vaginal desprotegidos, o vírus estará presente tanto nos fluidos do sangue e genitais.
Entender a relação entre a carga viral no sangue e no sêmen é essencial para estimar o risco potencial da terapia antiretroviral na redução do risco da transmissão do HIV.
Foram observados quatro fatores que podiam influenciar potencialmente a relação entre as cargas virais em sangue e no sêmen: doenças sexualmente transmissíveis (DSTs); terapia anti-HIV e adesão; resistência aos medicamentos e o estágio da infecção pelo HIV.
Um achado consistente de um dos estudos foi que a carga viral era mais inferior no sêmen do que no sangue. Na maior parte dos estudos, os homens que tinham carga viral indetectável no seu sêmen também tinham carga viral indetectável no seu sangue. Mas dois estudos identificaram indivíduos que tinham níveis de HIV no seu sêmen que eram maiores ou iguais do que no seu sangue.
Infecções como a gonorréia e chlamydia (que causam inflamação na uretra) aumentam significativamente o HIV em sêmen. Alguns estudos também sugeriram que um número maior de parceiros sexuais e taxas maiores de intercurso sexual também aumentavam a presença do HIV nos fluidos genitais.
Os pesquisadores ainda notaram que o sêmen que têm carga viral indetectável é ainda potencialmente infeccioso, e que as células no sêmen podem conter DNA proviral do HIV e podem agir como “veículos para a transmissão sexual do HIV.”
Devemos salientar a importância do uso de preservativos na prevenção das DSTs para reduzir o risco de transmissão, independentemente se o paciente está tomando uma terapia anti-HIV eficaz, a transmissão do HIV é possível mesmo se um paciente tem carga viral indetectável no seu sêmen.
Com isso, é fundamental que as amostras de sêmen de homens soropositivos, mesmo que com carga viral baixa ou indetectável no sangue sejam preparadas e analisadas antes de um tratamento de Reprodução Assistida.
No Lab Medicina Masculina oferecemos esse serviço de triplo processamento seminal para amostras positivas dos vírus da Hepatite B, Hepatite C e HIV a fim de eliminar o vírus do fluido seminal e utilizá-las com segurança.
Referência: Kalichman SC et al. Human immunodeficiency virus load in blood plasma and semen: review and implications of empirical findings. Sexually Transmitted Diseases 35: 55 – 60, 2008.