Genes associados ao câncer testicular poderão nos auxiliar no futuro e na preservação da fertilidade
O câncer testicular é responsável por 1% de todos os tumores malignos nos homens. O câncer testicular esta diretamente ligado a fertilidade masculina. Sabe-se claramente que homens inférteis são mais propensos ao desenvolvimento de tumores testiculares malignos e que quanto maiores as taxas de infertilidade obviamente maiores as taxas deste câncer. Não se apenas quem é causa e quem é conseqüência: se a infertilidade vem crescendo e consequentemente o tumor também ou se a síndrome de disgenesia testicular cresce ao longo dos últimos anos e consequentemente mais homens inférteis sao detectados. A preocupação é que as taxas de câncer testicular subiram muito nos últimos 40 a 50 anos, principalmente nos países mais industrializados. Isto coincide com a piora da qualidade dos espermatozóides pelo mundo, como demonstrado no clássico estudo de Carlsen de 1992 e nos estudos mais recentes europeus. Além disso coincide com níveis médios de testosterona mais baixos nos homens, ou seja, homens cada dia mais hipogonádicos.
Parece óbvio que quanto mais modernos e industrializados ficamos, maior nossa exposição a agentes tóxicos para nossas gônadas ( testículos ) e com isso colhemos a conseqüências nas últimas gerações estudadas.
Hoje fala-se muito de disruptores endócrinos e xenoestrogênios, componentes normais em nossa alimentação mas extremamente nocivos para nossa saúde. Eles são substâncias químicas tóxicas produzidas pelo homem, que confundem os receptores celulares de estrogênios no organismo, interferindo nas suas mensagens bioquímicas naturais. Na maioria das vezes são gerados pela indústria petroquímica e, desafortunadamente para nossa saúde, os produtos petroquímicos estão, hoje em dia, por todos os lugares deste planeta. Suspeita-se também que ha uma fortíssima influência da exposição nociva pré-natal, ou seja, na nossa fase embrionária, dentro do ventre de nossas mães, somos expostos inadequadamente a inúmeros agentes tóxicos, que a longo prazo podem levar ao aumento da taxa de homens hipogonádicos, inférteis e com maior risco de câncer testicular. Na Europa, as áreas com maior queda na qualidade dos espermatozóides nos últimos tempos coincidem com os locais de maior desenvolvimento industrial e com maiores taxas de câncer testicular.
Frente a este fato, o melhor entendimento dos genes associados a maior risco de câncer testicular, pior prognóstico e maior transmissão familiar nos auxiliará durante o aconselhamento a estes pacientes. O conhecimento mais aprofundado das vias gênicas associadas a infertilidade e ao maior risco de câncer testicular possibilitará, concomitantemente, a otimização da prevenção, do rastreamento e da vigilância pós tratamento destes pacientes.