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Testosteronas injetáveis parecem carregar maior risco quando comparadas com o uso em gel: Estudo do JAMA 2015

Testosteronas injetáveis parecem carregar maior risco: JAMA 2015

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Em estudo recente do JAMA, revista de fortíssimo impacto da associação americana de medicina, departamentos de três Universidades americanas estudaram a segurança de cada via para administração de testosterona e compararam seus efeitos com o intuito de se buscar a cada dia a via mais segura de administração do hormônio para fins de reposição hormonal. Basicamante compararam 3 vias: uso em gel (temos no Brasil uma série de géis manipulados, exemplo Pentravan, Axeron® e Androgel®), em patchs (ainda não temos no Brasil) e injetáveis (temos Deposteron®, Durateston®, Nebido®, entre outros mas não comerciais). Homens foram acompanhados por um período superior a 1 ano após o início da terapia de reposição hormonal, e eventos como infarto agudo do miocárdio, AVC, angina instável, internações hospitalares, TVP, TEP e mortalidade foram levantados durante a reposição.

Sem duvida alguma é a maior série levantada até hoje: quase 545 mil homens avaliados, sendo que 37,4% usando injeções, 6,9% patch e 55,8% gel. Dos que usaram injetáveis, o sal mais comum foi o cipionato de testosterona (83.3%) , seguido pelo enantato e alguns raros com propionato. O curioso também foi que os homens que estavam sob uso de gel faziam mais exames de controle de testosterona (controle) que os outros. Além disso, entre os homens que estavam usando gel, foi mais frequente o uso de estatinas e detectou-se melhor rastreamento do PSA. A análise destas informações talvez permita inferir que o gel, por seu mais caro, é utilizado por uma classe social que tem maior acesso à saúde e consequentemente saúde de melhor qualidade, com melhor controle.

Os resultados foram muito interessantes: entre os homens que estavam sob o uso de injetáveis, o risco para eventos cardiovasculares foi maior, além disso detectou-se maior hospitalização global e mortalidade geral., quando comparados com homens sob uso de gel. No grupo com os homens mais velhos, do Medicare Americano, a incidência em 1 ano de infarto, angina e AVC foi de 23,1 eventos por 1000 pessoas nos usuários de gel, 36,6 eventos nos injetáveis e 34,9 nos usuários de patch. Algo muito importante deste grupo foi que muitos pacientes começaram a receber testosterona sem dosagem sanguínea do hormônio, o que não é o recomendado e que foi forte viés do estudo, pois muitos homens podem ter recebido hormônio sem necessidade. Além disso, outra fragilidade foi não se tratar de estudo randomizado, com grupo controle sem uso de testosterona.

As mensagens importante levantadas pelo estudo são:

1- O uso de testosteronas injetáveis por longo prazo parece carregar maior risco de infarto, AVC e mortalidade quando comparado com o uso em gel.

2- Os efeitos benéficos da testosterona no perfil lipídico ainda demandam maiores estudos, embora já tenhamos evidência hoje de melhora nos níveis de colesterol e triglicérides.

3- Fundamental sempre ter os níveis do hormônio acompanhados de perto, tanto antes do início quanto durante o tratamento.

Não tenho conflitos de interesse com a indústria farmacêutica.